Estava escuro... tinha medo... mas fez-se luz, iluminava-me e a tudo o que me rodeava. Era eu, foi o que aconteceu quando me descobri a mim próprio!

terça-feira, dezembro 29, 2009

Natal… uma verdadeira incógnita




O que seria do Natal sem os quilos de presentes, os mil e um doces, o bacalhau e o peru, as tradições religiosas e as ondas de solidariedade?

Para esclarecer algumas destas questões, perguntei a alguns ilustres convidados:

Uma Luz – Como vê actualmente os actos de generosidade associados à época natalícia, nomeadamente, a oferta de presentes (tal como os oferecidos a Jesus) e o espírito solidário de cristãos, ateus, …?

Belchior – Vocês são muito criativos sem dúvida… espírito solidário?! Muito bem! Transformação ou descargo de consciência? 15 dias de solidariedade no ano, que grande convicção! É isso ser solidário?

Uma Luz – Hum… mas não é positivo ser-se solidário? É um gesto de Amor com aqueles que mais necessitam…

Belchior - Amar quando se tem tempo, ser solidário no Natal? São conceitos de Amor e Solidariedade que não conheço…

Uma Luz – Muita gente, critica um excessivo consumismo, mas em boa verdade, os reis magos também levaram presentes ao menino Jesus. O que pensa sobre isto?

Belchior - Presentes. Ah! Ah! Ah! Ouro é a realeza e divindade de Jesus, a sua perfeição, incenso o aroma de uma vida de doação, mirra o óleo da eternidade. Tal e qual os vossos presentes! Tal e qual…


Uma Luz – As iguarias desta época são deliciosas, dos tradicionais pratos, aos doces encantadores, o que seria do Natal sem a comida?

Ratatui – Eu adoro cozinhar e sou muito guloso, um Natal sem comida não é assim tão difícil de imaginar porque é uma realidade para muitos milhões de pessoas. E sinceramente isso dá-me uma grande azia, tanta fartura e tanta miséria em simultâneo faz-me suspeitar que ainda ninguém percebeu o que é o Natal. Mas é apenas uma suspeita…

Uma Luz – Então e o que é que é o Natal para o chef dos chefs?

Ratatui – Para mim é algo simples, alegria e partilha. Mas não consigo sentir alegria e ver partilha quando as pessoas o dizem sentir nos seus círculos fechados de uma ou duas dúzias de pessoas e ignoram o resto do mundo. Tanto dinheiro em comida, tanta comida que se estraga e tanta gente a passar fome. Isto não é o meu Natal, pois não consigo alegrar-me com esta insensibilidade. Nós ratos não vivemos o Natal assim!


Uma Luz – É um prazer estar na presença de alguém tão especial… O que pensa de haver um dia todos os anos em que o mundo inteiro se junta para celebrar o seu nascimento?

Jesus – O Natal não é a celebração do nascimento da minha pessoa.

Uma Luz – Hum, como não?? Há mais de 2000 anos que celebramos este dia como o nascimento do Salvador. É tudo mentira?

Jesus – Bom, em 1º lugar não é há 2000 anos, pois só no séc. IV é que surgiu o Natal. O Natal não é a celebração do nascimento de uma pessoa em específico, neste caso a minha, é muito mais do que isso, o meu nascimento é meramente simbólico.

Uma Luz – Simbólico? Mas você nasceu mesmo! Afinal o que é o Natal?

Jesus – O verdadeiro significado do Natal, é o Amor. Toda a minha história de vida, todas as partilhas que fiz quando encarnei num corpo humano, foi de facto que a verdadeira essência da vida é o Amor. O Natal até seria uma boa ocasião, para que de uma forma universal se fizesse a celebração da Vida, do Amor, pois a energia do Amor é fantástica e se todos por um dia vivessem nessa intenção e harmonia, isso seria maravilhoso para a vossa evolução. Agora o Natal como o têm vivido é quase tudo menos uma expressão de Amor, o problema não está nos presentes, nos doces ou nas cerimónias religiosas, está no que vos move e nas vossas intenções mais profundas.

Uma Luz – Está a dizer que no Natal não deveriam existir cerimónias religiosas, em sua homenagem? Nesta época as igrejas enchem-se de pessoas. Isso é bom, ou não?

Jesus – Bom em primeiro lugar, enquanto me idolatrarem é porque não perceberam a minha mensagem. Em segundo as cerimónias religiosas podem fazer todo o sentido, desde que sejam vividas em espírito de comunhão e de coração aberto e não por obrigação ou mera tradição. As igrejas enchem-se no dia de Natal e estão vazias o resto do ano, isso significa que não há uma verdadeira identificação e sentido de pertença. Se tu gostares de beber água e souberes que isso te faz bem, não vais beber apenas uma vez por ano, pois não?

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Amar a Morte?!


A morte não tem dia nem hora marcada. Nem a nossa, nem a de um amigo ou familiar, não sabemos quando irá ocorrer. A morte é muitas vezes incompreendida, mal tratada, rejeitada como se de um cataclismo se tratasse.

Tememos que irremediavelmente fiquemos diminuídos de Quem Somos, que a nossa vida fique mais pobre, que percamos uma parte significativa da nossa identidade, como se nos roubassem o nosso urso de peluche que nos ajuda a adormecer à noite.

Mas a noite, tal como a morte não encerra em si as trevas, é antes luz na vida, uma expressão de amor incondicional que nos bate à porta e repetidamente fechamos a porta a sete chaves. O pesadelo, a dor, o luto de perder alguém domina-nos, temos tal apego ao que essa pessoa representa para nós e à importância que adquiriu na nossa vida, que ao desaparecer sentimo-nos perder o nosso rumo. É apenas matéria que se transforma, uma alma que segue o seu caminho e que quer que continuemos o nosso.

Ler isto, quase que parece uma afronta, um coração frio e congelado, insensível, confuso, uma defesa contra a morte para minorar o sofrimento.

Em verdade, a sabedoria acompanha a morte, ela é um espelho para o qual não queremos olhar com medo de nos descobrirmos e percebermos que quer a vida, quer a morte não passam de ilusões, porque TU jamais morrerás!

Assim qualquer amigo, familiar ou conhecido vive e viverá para sempre, ainda que acredites na ilusão da sua morte.

Que a sabedoria angelical te adoce o espírito, e ilumine nos momentos em que a morte te bater à porta!

Continuar-te-ei a amar hoje e sempre ainda que o teu corpo pereça!

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Nada Esperar, Tudo Ser



Na barriga
O João ainda não nasceu, mas já pais, irmãos, tios, avós, amigos da família têm um conjunto de expectativas de como será o menino, a avó espera que seja rechonchudo, a mãe que durma as noites todas, os irmãos que ele cresça rápido e comece a balbuciar palavras depressa para brincarem mais, o pai espera que ele tenha a inteligência do avô e a meiguice da mãe, o amigo José espera que ele se venha a tornar como o pai, um grande atleta de alta competição que deixe a família orgulhosa.


Nasceu
Dia 13 de Dezembro, sexta-feira, 2h30 da manhã ouvem-se sons fortes, primeiros os gemidos da mãe, em seguida gritos de choro do João. Feliz deste bebé que ainda desconhece toda as expectativas que tanta gente já tem sobre ele.

Cresceu
No dia seguinte vai para casa e encontra um quarto só para ele, cheio de bonecos e cores. Os anos vão passando e o João vai crescendo, torna-se criança, adolescente, jovem, adulto, idoso, no entanto há algo que lhe passa ao lado, ele não compreende porque é que tem de estar sempre a agradar aos outros, para ser aceite e amado. Toda a vida, todos esperaram algo dele, mais exigiram dele determinadas atitudes e comportamentos, mais ainda zangaram-se com ele por não ter correspondido às expectativas que os outros criaram sobre si, como se lhes tivesse sido prometido algo.

Envelheceu
Hoje sozinho numa cama de hospital, por de acordo com a família ter sido teimoso, casmurro, egoísta, inconsequente ele questiona-se onde é que errou, o que fez mal, porque é que foi tantas vezes rejeitado, porque é que tinha de ser igual a todos os outros, fazer e dizer as mesmas coisas, apenas porque era isso que os outros queriam ouvir ou aceitavam que ele fizesse.

Pede um jornal à enfermeira, que gentilmente lhe leva um, desfolhando as páginas apenas para passar o tempo, há um texto que lhe chama à atenção, de um colunista chamado Leonel Moura:

“As pessoas acreditam praticamente em tudo, desde que não seja verdade. E fazem bem. Já que a verdade é desinteressante, aborrecida, perturba o bom andamento das coisas e ensombra a vida. Pelo contrário, a mentira move multidões, empolga a opinião pública, anima a política, abastece os media, favorece os negócios. Num tempo em que a imagem é tudo, em que importa mais a aparência do que a essência, em que o simulacro é mais determinante do que o real, só os fracos e inadaptados cedem à verdade. A mentira é o que faz mover o planeta.”

Eternizou-se
As máquinas disparam sinal de alerta, as enfermeiras acorrem à cama e num último suspiro João com 73 anos, balbucia “Morro feliz, porque fui verdadeiro comigo próprio.”

terça-feira, dezembro 15, 2009

2 Vidas, 2 Ritmos




Deambulando pelas ruas da ilusão, olho para mim mesmo desconcertado, numa ilusão que me atormenta e não percebo, padeço nos erros milenares que me assombram e prendem ao que designo de realidade terrena pura e dura. Envolvo-me (in)conscientemente em 2 planos distintos de tal forma que me parece ter 2 vidas numa só pessoa. A plenitude física, mental e emocional não tem nada de incompatível com a plenitude espiritual, no entanto pode abrir portas ao caos quando as mesmas são vividas ou percepcionadas como independentes.

O céu, a terra e o muro de Berlim
Os ritmos, as pessoas, as experiências são em tudo diferentes, pois são 2 vidas em paralelo, é como se vivesse o céu na terra e a terra na terra, mas existisse entre elas um Muro de Berlim em que apenas meros aventureiros interiores têm a sabedoria e ousadia para unir-se ultrapassando os muros, quebrando as barreiras, vencendo os medos, as ilusões, as auto-traições. Simultaneamente fica a dúvida, será melhor viver com o muro ou sem o muro? É que o caos assim está contido e pode ser vencido, mas o que aconteceria se instalasse o caos nas redondezas?

Por outro lado viver 2 vidas em simultâneo, pode significar o fim das 2, embora haja uma que é perene. Do que tens medo???
 

A resposta encantada
Não existem passos de mágica, para resolver o dilema, mas uma coisa é garantida, o Amor é a resposta. Começar por Amar Quem Somos em todas as nossas dimensões, Amar a Vida e confiar que ainda que não entendamos tudo, o caminho que percorremos é o que escolhemos e depois partilhar esse Amor com todos os outros como expressão de quem somos.

Quando damos esse passo e deixamos que o Amor se manifeste, o medo deixa de ter espaço para se manifestar e a vida flui mais naturalmente. Quando tiveres confuso(a), com medo, ansioso, relutante, deixa-te inundar pelo Amor, que é incondicional, livre e pleno.

Convictamente, confio no Amor, porque essa é a minha essência mais maravilhosa. Também é a tua!

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Quando só me apetece fugir...

Há dias e dias... e dias que deviam ser riscados do calendário!!!

O que fazer quando nos sentimos assim, apenas nos apetece esconder de tudo e de todos, sem dizer nada a ninguém, sem falar com ninguém, sem fazer nada e esperar que tudo passe como se nunca tivesse existisse.

A verdade é que não sei, não tenho resposta. Seria fácil dizer, pensa nas coisas boas, esboça um sorriso, oferece uma palavra amiga (mesmo não apetecendo), mas soam-me a balelas, a falinhas mansas que não ajudam nada nesses dias, só servem para irritar mais.

Só me passa uma solução pela cabeça, tenta retirar-te para um sítio isolado e calmo (ou barulhento se preferires) mas que te permita conectares contigo mesmo(a). Recolhe-te dentro de ti e pergunta ao teu ser mais profundo porquê é isto que me está a acontecer isto?? Pergunta sem pressa e deixando a mente viajar, não controles o significado ou respostas, sente o teu instinto... talvez resulte em algo... a tua sabedoria interior consegue ver o filme sem estar dentro dele e isso ajuda sempre a entender o porquê das situações e acontecimentos tal como quando olhamos para a situação de um terceiro. Connosco nem sempre é fácil fazê-lo, especialmente nestes dias, mas dá-te uma oportunidade... é uma luz ao fundo do túnel, talvez dê nalguns dias para alcançá-la...