Ao escrever esta palavra, ocorrem-me mil e uma ideias, mas não sei qual delas escolher. Possivelmente porque isto é o que fazemos constantemente a todos os níveis. Protegemo-nos a nós, aos nossos ideais, às nossas crenças, aqueles de que tanto gostamos, protegemos aquilo que sentimos, o que pensamos, o que somos... porque temos medo de perder as coisas tal e qual elas são neste momento.
Sim, é isso, só se protege aquilo que temos medo que desapareça. Se temos medo que o dinheiro desapareça, temos de poupá-lo, se temos medo que alguém se vá embora, temos de cativar ou agradar, se temos medo que amanhã não esteja um dia de praia tão bom como hoje, ficamos até ao fim da noite, se temos medo de ser roubados não saímos à noite, se temos medo que alguém faça mal aos nossos filhos escondemo-los do mundo (debaixo da nossa asa protectora) ...
A questão principal parece ser então, porque temos necessidade de perservar as coisas tal e qual como são neste momento ou de descobrir outras novas? O que nos assusta na mudança? A incapacidade de adaptação? Serem piores do que são hoje? Ser difícil mudar hábitos? Ser rejeitados?
A principal razão porque tememos tantas coisas, desde das mais simples até às mais complexas, é apenas uma... Ainda não sabemos quem somos. Somos vulneráveis perante a nossa grandeza, escondemo-nos atrás dos nossos receios com medo de que algo de maravilhoso aconteça e percamos os medos.
Um dos maiores medos, é deixar de ter medos e habituarmo-nos a ser radiantes e felizes.
Resumindo, preocupamo-nos, porque não controlamos e temos receio que as coisas mudem, estejamos errados ou descubramos novas perspectivas. Preocupamo-nos porque temos medo e por isso protegemo-nos com escudos, no entanto os escudos são pesados e em vez de nos protegerem, enterram-nos.
Temos medo porque não sabemos quem somos, desconhecemos a nossa luz e glória, o nosso esplendor. Ainda usamos (e aceitamos) o nosso fato de mediocridade, insegurança e (permitam-me) tolice.
Assim até compreenderes que és muito mais do que o teu corpo e mente, vais continuar a proteger-te e aceitar isso como normal e natural. Hoje em dia é normal, mas não é de todo natural.
Mas o mais giro de tudo, é que se por acaso até concordares com o que acabaste de ler, não vais fazer nada para mudar, porque te vais proteger atrás do não tenho tempo, não sei como, depois penso nisso, tenho de vir cá depois ler novamente, tenho de reflectir sobre isso, ou simplesmente porque tens medo de tentar...
segunda-feira, agosto 16, 2010
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2 comentários:
Gosto muito do seu blogue, David.
Acabo de o descobrir.
Em relação ao caminho de auto-consciência, sobre o qual versa muitos dos seus posts, e sobre o qual tenho também muito apreço, não posso deixar de dizer o quão difícil é para mim ter consciência da razão dos meus actos e reacções... De natureza racional, vivendo eu a maior parte do tempo num plano mental, a minha espiritualidade só se desenvolveu devido às crises sucessivas que me foram e vão assolando. Tentando compreender a natureza da realidade, do Divino, do que somos, do porque somos o que somos, a jornada deixa-me, frequentemente, embrenhado em encruzilhadas. Penso que o "medo", de que fala, é o oposto do que realmente somos. Mas ele é natural. É natural em seres encarnados, materializados, que é, em última instância, a realidade´, física, em que vivemos, quer se acredite sê-lo uma escolha evolucional nossa ou não.
Confesso-lhe, David, que já experimentei diversas práticas, filosofias e caminhos, e o único onde tive um vislumbre, talvez por ter conseguido, ainda que de forma induzida por uma substância, baixar as defesas do ego, da mente, foi em experiencias enteógenas. Através delas, ainda que muito poucas, pude observar, de forma consciente, com clareza e clarividência, os mecanismos de que somos feitos, de que são feitas as nossas reacções, a razão dos medos, e a realidade oculta por trás deste mundo ilusionista. No fundo, vi, não com o instrumento da mente, mas com olhos que pareciam do coração, da alma, a nossa verdadeira origem, fonte e carne que é o amor incondicional...
Tenho tentado, ultimamente, descobrir um jeito de aceder a este plano, ou de pelo menos estar mais sintonizado, conectado com ele, visto que as experiências enteógenas, por muito transformadoras e epifaníacas que são, são curtas, e rápido se desvanecem no fumo de um ego, de uma cabeça que não vê o invisível, que se perde em opiniões próprias-alheias, que teme cada esquina, que vive a doce cegueira de quem tapa os olhos para não sentir, para não sofrer.
Esta viagem, que é a vida, é uma extraordinária benção...de redescoberta de quem somos.
o medo congela-nos. (mais ou menos literalmente) quando há medo há falta de auto-controle e de auto-estima. mas o mais giro de tudo é o teu último parágrafo... ;)
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