Isabel chega a casa por volta das 20h40. Tira o casaco, arruma as chaves e dirige-se para a casa de banho para tomar um banho relaxante bem merecido depois de um dia cansativo. Depois da água quente a ter amolecido ainda mais, vai nua para o quarto em busca do robe, mas deita-se em cima da cama e acaba por adormecer num instante.
Já não está em casa, encontra-se numa movimentada rua de Nova Iorque cheia de lojas como gosta, com os últimos modelos da moda e as últimas criações artísticas ali mesmo prontas a experimentar, prontas a comprar. Sente o vento gelado na cara e não resiste a entrar naquela loja que tem o vestido porque se tinha apaixonado no catálogo. Entra, não vê ninguém, não vê roupa, só um espaço amplo com 1 porta ao fundo (fica encantada com a originalidade do local). Abre a porta e vê uma pessoa vestida de enfermeira (realmente esmeraram-se na criatividade). Descobre uma televisão (e fica desiludida por não ser plasma mas tem esperanças que ainda faça parte do cenário específico da loja), vê um apresentador bastante sorridente enquanto relata uma situação de um sismo algures no Oriente, bom não liga muito, só que quando aparece a imagem, fica cismada, vê, esfrega os olhos, e realmente vê o seu filho a ser transportado numa maca, aquele filho que não é seu, que nunca teve. Começa então a pensar que o apresentador é um palhaço, como é que se podia estar a rir daquela situação, como é que se podia estar a rir daquele seu filho, que podia ser dele, que hipócrita, como podem haver pessoas assim como ele?
Acorda sobressaltada, percorre o corpo com as mãos, a certificar-se não sabe bem do quê, olha à sua volta e descobre que a sua casa, apesar dos tijolos, pode ser uma cabana, que a sua vida fria e rigidamente egoísta pode ser o riso do apresentador. E como ela o detestou…