A mão do poeta desenha palavras, deixa a tinta correr aguardando que a inspiração bata à porta. Mas não vem, não bate. Guarda a sua ausência em silêncio, na certeza de que é em si que reside a poesia, a inspiração, não lhe podia bater à porta porque vem de dentro não de fora. Ele sabe que é ele quem cria a poesia da vida, é ele que decide como encarar e reagir ao sucedâneo de acontecimentos da sua vida. Embora não os controle por completo e crie sozinho, é ele e só ele que decide como o afectam, se são um problema ou uma oportunidade, se o deixam triste, alegre ou esperançoso. Ao largar a tinta, percebeu que a escrita lhe clarificou apenas o que sabia e que a inspiração não se ausentou, ele é que a escondia e ignorava como se fosse outrem ou algo que lha trouxesse.
Sorriu e compreendeu que um ataque é muitas vezes um pedido de ajuda. Adormeceu com o espírito em paz!! :)